Friday, September 02, 2005

O “brasinglês” de hoje em dia

Como redator publicitário, às vezes me deparo com certas palavras e expressões que vêm sendo utilizadas na conversação cotidiana, principalmente entre nós, jovens (sim, ainda sou jovem!). Ultimamente tenho me deparado com milhares de termos que substituem palavras típicas do português, mas que ganham uma força e identificação tão grandes que seria impossível reconhecer seu verdadeiro significado. Como exemplo disso, vamos analisar uma festa rave, bastante conhecida por tribos de música eletrônica. Imagine o seguinte enunciado:

Rave imperdível com line-up de primeira, DJs fazendo live acts e DJ sets imperdíveis, chill out, foods and drinks free até as 23:59.

Conseguiu entender? Agora vamos ler este mesmo enunciado sem palavras importadas:

Festa-entusiasmo imperdível, com linha de primeira, tocadres de disco fazendo atuações e seleções de tocadores de disco imperdíveis, área de descanso, comida e bebida grátis até as 23:59.

Interessante não? Há dois aspectos sensíveis na utilização de palavras estrangeiras na construção de frases em português: 1) a necessidade de passar uma idéia impossível de ser construída na mente do interlocutor com palavras nativas e 2) a necessidade de “elitizar” uma idéia (elitizar ou segmentar para um grupo específico.).

As histórias envolvendo palavras estrangeiras que foram aportuguesadas são inacabáveis. Tanto em palavras em inglês, como em francês, italiano ou japonês, sempre há uma adaptação do que se ouve ao que se quer dizer. Por exemplo: a palavra forró descende da expressão for all (para todos), o que designava uma dança que podia ser praticada por todos os freqüentadores de um local no nordeste. Em francês, temos, por exemplo, abajour (lâmpada) que se tornou abajur em português.

Não há recriminação quanto ao uso desta técnica tão antiga e tão insistentemente freqüente para criar idéias e transmitir mensagens para as pessoas, mesmo porque a informática não nos permite mais desvencilharmos de palavras estrangeiras. Mas eu ainda insisto na idéia de fazer um convescote e depois assistir a um ludopédio.

Luiz Guilherme Amaral é estudante de Comunicação Social da ESAMC Sorocaba

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