Friday, September 02, 2005

Você trabalha na área?

Esses dias me perguntaram se eu “trabalhava na área”. Aí respondi: “depende, que tipo de área você quer dizer?” Pensei em dizer que apenas jogadores de futebol trabalham na área, mas achei que seria extremamente impertinente, além de ser uma piada digna de “Praça é Nossa”.
“Trabalhar na área” tem sido uma grande conquista para estudantes universitários, pois na atual conjuntura econômica (e esse jargão é extremamente de quem “atua na área dos números”) está cada vez mais complicado botar em prática as coisas que se aprende em sala de aula. Fico pensando se é bom ou ruim um estudante de primeiro ano de direito estagiar em um escritório e já começar a “pegar os vícios”, o que pode complicar seu rendimento no exame da OAB, cujo índice de reprovação tem sido um dos mais catastróficos da história. Por outro lado, outras atividades, como a de publicitário, jornalista, engenheiro, etc. podem ser extremamente enriquecedoras para concluir os estudos com maior eficácia e tornar os trabalhos mais completos.
Achei engraçado também o presidente do Banco Central Americano dizer que o Brasil é um “grande exemplo de economia que se desponta no cenário mundial”. Pensei comigo: “é, meu amigo, venha ser universitário no Brasil para você ver o que é uma economia que se desponta”. Não reclamo do que faço, nem do quanto ganho e muito menos da faculdade que estudo, porém gostaria que as coisas fossem um pouco mais baratas, só isso. Aluguel de apartamento para estudantes muitas vezes sai mais caro do que um aluguel para uma família, além das exigências do proprietário ser cinco vezes maior do que o habitual. Estudante é louco pra fazer bagunça e quebrar a casa né? (falei num tom sarcástico, caso alguém não tenha notado).
Não acredito que as coisas possam ficar mais fáceis para nós, estudantes mortais, mas gostaria que até o final da faculdade (pelo menos da minha, daqui a 2 anos) as coisas estejam bem melhor organizadas e que a “área” possa trazer melhores frutos para todos nós. A única coisa que eu não desejo é que os profissionais formados peguem a mania de dizer frases tão vazias e com palavras tão mal empregadas e desmoralizem tudo que aprenderam na faculdade. Pérolas como “precisamos assegurar que o equilíbrio possa corroborar com as diretrizes impostas pelo deadline” ou então “necessitamos agregar para que atinjamos as metas dos stakeholders” devem ser abolidas. Aliás, o estrangeirismo é algo peculiar, intrínseco e (por que não dizer) insuportável no cotidiano brasileiro. Por que não fazemos um convescote e depois assistimos a um ludopédio?

Luiz Guilherme Amaral é estudante de Comunicação Social na ESAMC – Sorocaba

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