Tuesday, September 26, 2006

Não sou mais baterista
Por Luiz Guilherme Amaral

Este fim de semana fui a uma masterclass com Douglas Las Casas. Conhecia seus trabalhos com o baixista Chico Willcox e alguns workshops que ele escreve nas revistas especializadas. Como meu maior mestre na bateria brasileira hoje é o Christiano Rocha, que foi meu professor no IP&T, foi um momento legal para ver de (muito) perto outro baterista de extrema qualidade.

O resultado é o mais paradoxal possível. Aprendi muitas coisas boas, mas principalmente aprendi como sou insignificante quando o assunto é bateria, em termos gerais. O cara chegou como um trator, com uma técnica apuradíssima, não deu nenhuma nota na trave, pleno domínio de teoria musical, além de uma verdadeira explosão de ritmos.

Não foi diferente do que eu imaginava. À época do IP&T, por várias vezes senti vontade de sair correndo de ver o Chris destruindo na batera. Sempre pensei: jamais vou ser assim. E ainda não sou. E pior: estou mais longe ainda de ser porque realmente não tenho mais tempo para estudar como tinha dois, três anos atrás. Eu sabia que veria algo fora do comum, como aconteceu quando vi o Edu Ribeiro tocando com Yamandu Costa, ou então o Giba Favery. O que eu não imaginava é que desta vez a minha defasagem me traria tanto desgosto.

E apesar disso, ainda sou convidado para tocar e gravar. Acabei de gravar duas faixas no CD do meu amigo Humberto Líber. É interessante pensar nisso porque, apesar de ter descoberto que estou defasado no instrumento, ainda assim consigo não deixar na mão os músicos que me convidam para um trabalho.

Realmente, tudo está muito confuso. Não sei o que pensar. Ao mesmo tempo que amo bateria e tudo que a cerca em termos de música, estou frustrado por não ter mostrado um rendimento melhor na masterclass do Douglas. Com tudo isso em vista, digo que não sou mais baterista. Regredi. Quem sabe um dia eu realmente aprenda.

Thursday, September 21, 2006

Teatro da Arte Pura e Simples
Por Luiz Guilherme Amaral

Tive a grande oportunidade de assistir ao Teatro Mágico no SESC Sorocaba. Fiquei sem palavras. É uma mistura de simplicidade com elementos complexos, mistura do mambembe com a tecnologia, junção da arte sutil com a arte que atravessa barreiras.

As pessoas recitavam os poemas com o vocalista, o que dava a impressão de estar dentro de uma igreja, cuja religião era a liberdade de expressão e o culto à palavra simples e fácil de ser dita. E surgiam as artes circenses, com expressões corporais sem muito expressionismo, mas que completavam cada acorde das músicas. Os sucessos, como Ana e o Mar, ganhavam uma força imensa com o público. Sem contar todos os detalhes que eram evidenciados pela equipe de som e luz. Tudo estava em pleno sincronismo. O mundo naquele momento estava em uma única sinergia.

Uma trupe que se inspira no Cordel do Fogo Encantado e Lenine para criar um espetáculo tão rico em forma e que evidencia as coisas simples com tanta poesia não pode ser esquecido, muito menos passar despercebido. Palmas para Fernando Anielli, que orquestrou tudo com muita precisão. Palmas para as músicas, os músicos, as poesias, os arranjos.

Vida longa ao Teatro Mágico!

Monday, September 11, 2006

Trabalhos Novos
Por Luiz Guilherme Amaral

Depois de um fim de semana regado a muita cerveja e churrasco, o dever chamou. Retornamos a vida cotidiana. Dois roteiros institucionais vão tomando conta do meu dia.

A primeira coisa legal para contar é que saiu a terceira coluna para o site do Sindicato do Sabor, vulgo ‘Bar do Argentino’. Desta vez, sobre Tango e Samba. Como esses dois ritmos podem se juntar em meio a comidas e bebidas em um bar? É só entrar e ler. A segunda coisa é que eu passei aquele paper de semiótica para a professora Fina da ESAMC. Já que ela manja de Edgar Morin e muita coisa lá está embasada no que ele diz, ela pode dar as direções certas para eu concluir a super-mega-tese.

Por último, estou pensando em escrever roteiros de seriados. Se você que está lendo isso pretende de alguma forma roubar o espaço daquelas duas idiotas que tem aquela sitcom depois do Fantástico da Globo, por favor, elaboremos idéias e vamos tentar vender de alguma forma. Vai que dá certo, não é?

Monday, September 04, 2006

WTC
Por Luiz Guilherme Amaral

Morei em Nova Iorque no ano 2 000. Estudei numa escola no Queens chamada LaGuardia Community College. Estudava o dia inteiro, mas tinha folga na segunda, além do sábado e domingo. Nesses dias de folga, sempre dava um pulo no World Trade Center, pois sempre havia alguma coisa legal para ver e fazer. Às vezes, saia de casa (Brooklyn) só para comer uma pizza de brócolis que tinha lá perto, numa pizzaria chamada 'Pizza Pronto'. É a melhor que eu já comi na vida.

O WTC era um lugar legal. Além das pessoas que trabalhavam, tinha uma enormidade de lojinhas, cafés, muita música, esculturas bacanas, enfim, era um lugar que você podia passar um dia inteiro curtindo. Parece até coisa de turista, mas não é. Haviam várias pessoas que faziam isso também. Parecia um lugar em que você ia para dar uma distraída, uma olhada na vida. Ah, e realmente, aquela foto clássica tirada aos pés das torres dá uma bela vertigem mesmo.

Aos cinco anos de aniversário dos atentados, muitas coisas mudaram, não só em Nova Iorque, mas no mundo todo. E recomendo a VEJA dessa semana para que você possa entender o que eu estou falando. Aquela cidade mora no meu coração e ocupa boa parte da minha cabeça, e por isso eu faço este pequeno tributo.

Voltei para o Brasil antes da tragédia, e ainda não tive a oportunidade de voltar para lá. Quando vejo as imagens, parece-me tão surreal que me dá a impressão de que não aconteceu. Tudo aconteceu, eu sei que sim, mas como não conheço o Lower East Side de Manhattan sem as Torres Gêmeas, para mim elas ainda estão lá. Tudo que via na TV ao mesmo tempo acontecia e não acontecia. Louco né?

Um dia eu volto para ver o que realmente está lá. Enquanto isso, fico com as lembranças e as fotografias daquele lugar, o mais legal que eu já pisei. E a saudade da cidade também é grande.

Quem sabe um dia...