Monday, May 29, 2006

Vox

Vamos ver cultura
Por Luiz Guilherme Amaral

Gosto da Adega Cultural de São Roque. Nos últimos anos é uma das mais estruturadas agendas culturais que a cidade já teve. Acho essencial que este tipo de programa exista na cidade para complementar os pontos turísticos, exatamente porque os sanroquenses, que já viram todos eles, merecem ter coisas diferentes nos mesmos lugares.

Todas as quintas feiras tem algo diferente acontecendo na Brasital: palestras, música, teatro. Um dos fundadores, Paulo Moraes, sabe tudo de cinema. É uma oportunidade excelente para conhecer alguns filmes que não fazem parte das programações das TVs abertas, e ainda por cima debater sobre a trama e toda a filosofia abordada. Não é nada expressionista, com happenings, drippings do Pollock e outras coisas doidas (não chatas), mas é tudo muito honesto e verdadeiro. A proposta da Adega é transformar o conhecimento que os participantes têm em um bem comum.

A Virada Cultural em São Paulo, apesar da onda de violência, conseguiu fazer a cidade toda sair de casa para ver a maior agenda que a metrópole já teve. Shows com entrada franca, com entrada salgada, de todo jeito. O departamento de Cultura da capital teve um trabalho enorme para fazer toda a programação e principalmente para ajudar os cidadãos a esquecer tudo o que aconteceu, e segundo as reportagens de jornal e internet, conseguiram.

São Roque tem bons artistas e contato com muitos outros do mesmo gabarito e com visibilidade. Seria muito interessante ver uma série de eventos em que todo tipo de arte se reúne em vários pontos da cidade para engrossar o potencial que São Roque possui e deixar a agenda cultural mais interessante. Sempre esperamos pela Festa de Agosto (e a sopa de Capeletti da barraca da Apae), mas neste meio tempo, com um festival cultural em que se tenha música, teatro, cinema, dança, pintura, artesanato e palestras, todos terão a chance de mostrar um belo trabalho e sair para outras cidades para fazer divulgações, tanto do próprio ofício como da cidade de São Roque. Vamos ver mais cultura? São Roque consegue!

Monday, May 22, 2006

Ombudsman

Não vou falar sobre os ataques
Por Luiz Guilherme Amaral

Por questões morais e técnicas, prefiro não comentar sobre os ataques do crime organizado que desorganizou todo o Estado de São Paulo. E não o farei porque conversei com uma amiga minha que mora em São Paulo e ela me disse que está tudo calmo. O governador também disse que está tudo tranqüilo e que tudo não passou de boataria. Aí eu me pergunto: pra quê escrever sobre boato? Não é de boatos que vive um meio de comunicação. Semana passada eu já havia comentado sobre os esforços dos meios impressos em manter a idoneidade das notícias. Não quero falar de coisas que não aconteceram.

Realmente foi boato a história de que a polícia já sabia que esse ataque iria ocorrer e mesmo assim prosseguiu com o indulto do Dia das Mães, porque nada mais óbvio do que liberar um assassino ou um ladrão de banco para ver a mamãe, coisa que já ocorre mesmo quando ele está preso. Foi boato que um técnico de som gravou o depoimento de delegados dizendo que haveria transferência de presos para Presidente Bernardes. O depoimento era secreto, mas bastou molhar a mão do rapaz com 200 reais para que todos os interessados soubessem disso para se rebelarem. Também foi boato que isso tudo foi negociado por celulares. Ninguém que está na cadeia usa celular por dois motivos: eles estão bloqueados e a polícia faz mensalmente um “arrastão” não celas onde são apreendidos por volta de 200 aparelhos. Tudo isso é boato. Tudo mentira. São Paulo não parou em plena segunda feira. Ou parou porque os paulistanos estavam cansados. Aqui em Sorocaba houve uma onda de pânico tão forte por causa das notícias tortas que até cancelaram as aulas na minha faculdade. Só que eu moro em frente dela. Se mandassem uma bomba lá, eu voaria junto.

Essa situação letárgica dos políticos é o que me faz ter inveja de não ser um deles. Do lado de lá, passeios em Nova Iorque, descanso em São Bernardo do Campo e mil e uma aventuras. Do lado de cá, vive-se constantemente ligado em tudo que está ocorrendo para planejar os próximos passos para ir embora para casa. E toda essa boataria de ataques acabou com a negociação com Marcola para que ele mandasse parar a matança em troca de TVs de plasma. Isso também foi boato, sabia? Ah, sim. Esqueci que eu não deveria falar sobre boatos aqui hoje. Desculpe.

Monday, May 15, 2006

Ombudsman

Os rumos do jornalismo mundial
Por Luiz Guilherme Amaral

A 26a Conferência da ONO, Organização de Novos Ombudsmans, teve como pauta problemas sérios que vêm acontecendo com o jornalismo não só nacional, mas do mundo todo. A convergência tecnológica para transmissão de informações e o cuidado com o conteúdo em tempo real são alguns dos principais temas. Para quem não sabe, um ombudsman é o profissional responsável por zelar pelo conteúdo do meio de comunicação para que ele seja o mais imparcial e isento possível. Também, ele é o mediador entre leitores e o meio de comunicação para que as injustiças sejam corrigidas.

O maior problema para os meios de comunicação hoje é lidar com questões como preconceito, falta de cultura ou os limites da liberdade de expressão. Casos como as caricaturas do profeta Maomé, que causaram indignação e revolta dos muçulmanos são exemplos claros de que o conteúdo jornalístico precisa passar por um raio-x mais intenso e evitar que problemas como esse voltem a ocorrer. Não obstante, o conteúdo dos canais eletrônicos, como RSS ou notícias de última hora devem ter uma atenção mais especial para que não venham com mais e mais errata, inverdades e reportagens incompletas. Não cabe apenas ao editor-chefe tomar conta desses quesitos, é preciso que haja uma consciência geral dos jornalistas, ombudsmans e porque não dos diagramadores, no intuito de cuidar para que o que esteja sendo veiculado é a verdade absoluta, fruto de investigações, pesquisas, entrevistas e outros métodos.

Nos últimos seis meses, os jornais americanos perderam 2,5% de circulação por causa da concorrência com a internet e da previsibilidade do noticiário. Nota-se, ainda, que jovens americanos praticamente não abrem mais jornais, e preferem ler notícias apenas pela internet. Com isso, discute-se também como os jornais podem usar a rede mundial para divulgar as notícias e principalmente manter a circulação dos jornais impressos. A sincronia entre internet e mídia impressa é uma tarefa árdua, mas que com algum trabalho honesto pode obter um enorme resultado. Bom para que fabrica notícia e bom para que lê.

Ombudsmans são profissionais que zelam pelo conteúdo que nós, "seres normais", precisamos para formar opinião, saber o que acontece no mundo e debater em nossas conversas. Quanto mais consistente for a atuação de um ombudsman, melhor será a consistência dos meios de comunicação. Sejam esses a televisão, jornal ou internet. Uma dica: seja amigo do ombudsman do seu jornal.

Monday, May 08, 2006

Vox

Muy Amigos
Por Luiz Guilherme Amaral

Já era de se esperar que o trio populista Hugo Chávez, Evo Morales e Lula não era flor que se cheire, e depois do belo golpe que a turma andina deu no Brasil, isso ficou ainda mais evidente. Com a nacionalização dos recursos minerais da Bolívia, a Petrobras, o governo brasileiro e nós teremos mais uma série de sessões de adrenalina pura. Ninguém sabe o que esperar de Morales, nem mesmo ele. Com um testa-de-ferro como Chávez, então, aí é que a coisa engrossa de vez. Ainda somos dependentes do gás boliviano, e esse cenário pode se estender por mais até uns 4 anos até que a Petrobras possa ter condições de extrair o gás em solo nacional. Mesmo assim, precisa que a Bolívia abra a torneirinha até o máximo para garantir que as empresas que utilizarm o gás não fiquem na mão.

Pior do que esta situação ficou a imagem de Lula perante essa manobra. Era sabido que Morales queria destituir a Petrobras da incumbência de extrair os recursos minerais, era sabido que Morales não é uma pessoa confiável e que não cumpre acordos, era sabido que a Bolívia jamais esteve satisfeita em ter uma potência brasileira trabalhando lá, mesmo que isso represente muito para a economia deles, e principalmente já se sabia que Lula não saberia o que fazer. Mas daí a ser conivente com esta operação é pedir para ser ofendido. Para um presidente que nunca sabe de nada, ficar calado perante tamanho pé no traseiro é sim, pedir para ser impichado.

Lula já não pode ser o líder latinoamericano que todos queriam que ele fosse. Um líder que faz vista grossa para todo tipo de escândalo em seu próprio governo, que não consegue ser ouvido em decisões mundiais e que não faz o menor esforço para reorganizar o Mercosul mereceu levar essa bolada nas costas para aprender que para ser presidente de um país é preciso mais do que visitas diplomáticas. Talvez ele tenha aprendido até que não vai conseguir ser presidente por mais quatro anos, independente de ter 45% de aceitação popular antes das campanhas eleitorais.

O que nós vemos, a partir de agora, é que Hugo Chávez tem toda liberdade para dar as cartas na América Latina e continuar a colocar Evo Morales em seu colo para brincar de fantoche. Realmente, não há como o Brasil se transformar numa filial da Venezuela ou da Bolívia, mas está claro como água que, neste campinho, Lula jamais foi o dono da bola.

Tuesday, May 02, 2006

Vox

Gisele Plays with Vogue
Por Luiz Guilherme Amaral

Estava indo para o trabalho quando me deparo com um outdoor da grife de óculos escuros Vogue em que Gisele Bündchen posa. O título é: Gisele Plays with Vogue. Aí como dei muita aula de inglês e sempre tive que explicar os diferentes significados do verbo ‘to play’, fiquei imaginando o que o redator quis dizer com aquele título. Pensei nas possibilidades:

Gisele atua com Vogue: meio improvável, pois ela, apesar de toda aquela lindeza, não tem o menor tino para ser atriz, seja em novelas globais, comerciais, enfim, não pode ser isso.

Gisele joga com Vogue: esta opção não é necessariamente descartada. Já vi em algumas revistas de fofoca nossa Gisele jogar golfe (!), arremessar uma bola de futebol americano (!!) e até se meter com surfe, graças ao carequinha Kelly Slater. Pode ser que haja um sentido nisso.

Gisele brinca com Vogue: esta, sim, é a opção que mais me agrada. A julgar o que ela já ganhou como modelo de passarela e modelo fotográfica e que a cada passo sua conta bancária engorda mais alguns milhares de dólares, não me admira que neste outdoor ela estivesse simplesmente brincando com o tal acessório.

Claro que uma pessoa como Gisele Bündchen, com tudo que ela representa no mundo da moda, é um endosso e tanto até para vender alfinete, mas eu sempre fico pensando, até pelo fato de ser redator publicitário: será que não enjoaram dela ainda? Com licença, vou voltar para meu mundo.