Saturday, May 28, 2005

Mairinquense não é Índio

Algumas vezes ouvimos gozações por parte de pessoas de outras cidades ou até mesmo de munícipes que não estão satisfeitos com Mairinque, e uma delas é dizer que “mairinquense é índio”. Porém, tal afirmação pode ter um sentido mais amplo e por isso não ser tratada como uma ofensa.

Os índios são uma etnia que sofreu influência européia na chegada dos colonizadores portugueses, lá em mil quinhentos e guaraná de rolha. Foram forçados a aceitar uma religião européia que para eles não fazia o menor sentido, pois cultuavam elementos visíveis, como o Sol, a Lua, entre outros. Muitos deles foram dizimados' por conta de tais colonizações, e certas tribos de índios vivem com objetos típicos de uma civilização, como antenas parabólicas, televisão e computador. Se pensarmos que o propósito da ofensa é dizer que somos tão desprovidos de qualquer educação e tecnologia como os índios, talvez haja algum engano nessa ofensa, haja vista que várias coisas que eles possuem hoje se assemelham com os objetos que estão em nossa casa. Quanto aos que mantém a tradição, e que obviamente são a referência para tais gozações, pensemos o seguinte: os índios vivem numa cultura de subsistência, ou seja, eles comem o que plantam e dividem o excedente. Os índios têm um senso de coletividade ímpar, podendo usar como exemplo o fato de que o filho de um casal é filho de toda a tribo. Os índios não acumulam riquezas, pelo contrário, as dividem com os outros, e não tem ambições ou projetos milionários, o que eles desejam mesmo é não ser incomodados e manter vivas as suas tradições.

Quando me dizem que sou índio porque moro em Mairinque, sempre levo em conta esses pequenos fatos e respondo: “os índios são tão humanos quanto nós, com a sutil diferença de que são infinitamente mais organizados e mais respeitosos com seus semelhantes e com o lugar onde vivem”.

Luiz Guilherme é estudante de Comunicação na ESAMC - Sorocaba

Saturday, May 21, 2005

Raposo Tavares: a novela continua.

Os intermináveis acidentes na rodovia Raposo Tavares são um problema que parece não haver solução. Mas há. O resultado das tragédias ocorridas seja no caso dos jovens de São Roque ou os outros subseqüentes está diretamente relacionado a dois problemas básicos: imprudência dos motoristas e estrutura insatisfatória das estradas. Temos visto que logo após a concessão da ViaOeste houve uma pequena melhora nas condições do asfalto, da sinalização, entre outros, porém o que se observa é que tais medidas de segurança estão mais para paliativas do que uma solução bem estruturada em si.

O último acidente que se teve notícia foi causado, a partir da constatação da perícia, que por uma imprudência por parte do motorista ao tentar ultrapassar um ônibus, chocou-se de frente com um outro carro de passeio, tirando a vida de três pessoas. O que se conclui, portanto, é que a culpa não é necessariamente da concessionária por não dar fiéis condições de uso das estradas. Continuamos a pagar o bom e velho pedágio, e algumas melhoras começam a aparecer. O processo de duplicação da Rodovia Raposo Tavares está a todo vapor, e em vários trechos deparamo-nos com obras, sinalizações, buracos e outras situações que, apesar de serem um tanto perigosas, ainda assim é característico de uma obra de duplicação.

Toda a celeuma em torno disso é uma via de mão dupla. A ViaOeste pede que os motoristas redobrem a atenção e não façam manobras espetaculares em suas viagens pois as conseqüências são bem evidentes, e os motoristas cobram agilidade na conclusão das obras no afã de sentirem que o dinheiro está sendo bem investido. Não há uma maneira célere para concluir tais obras, tanto pela complexidade quanto pela infra-estrutura, entretanto paciência e prudência são nossos grandes aliados por agora.

Luiz Guilherme Amaral é estudante de Comunicação Social na ESAMC – Sorocaba.

Mairinque Neoliberal

O Brasil vive hoje o que poderíamos chamar de “rascunho neoliberal”. Entende-se por neoliberalismo a abnegação total do Estado patrimonialista e o incentivo à livre iniciativa e ao bem estar do cidadão, que são conhecidos como educação, saúde e segurança.

O Brasil hoje gasta 18% do PIB em programas sociais, porém o que se vê é o equivalente a apenas 2% de investimentos. Os programas sociais do Brasil estão andando em ritmo enfadonho enquanto que o enriquecimento por parte dos congressistas, com o aval do presidente da Câmara faz com que todo o cenário neoliberalista retroaja a passos largos e caracterize o Brasil com qualquer outro ideal de política.

No escopo da desigualdade social, o Brasil mantém-se num vergonhoso 109º lugar. Paradoxalmente, é a 15º maior economia do mundo, com um PIB que cresce a cada ano e com a indústria se aquecendo a cada trimestre. Mas como esses números da indústria podem contradizer o cenário atual do Brasil? Ora, não se pode estabelecer um crescimento não-linear, onde as classes sociais estão cada vez mais distantes e poucos vêem os lucros do país. O que deve ser feito, portanto, é uma revisão dos procedimentos sociais, além de uma reestruturação das ofertas de emprego e das oportunidades para a sociedade.

Entretanto nada disso é possível se não houver a colaboração da própria sociedade para que todas as ações surtam efeito. Se nos transportarmos para um cenário microambiente, tal como a cidade de Mairinque, vê-se que programas sociais são criados, porém não se vê muito engajamento da sociedade para que tais ações perdurem e tragam maiores benefícios.

Mairinque pode se tornar um exemplo de neoliberalismo num microambiente onde as oportunidades estão mais evidentes e as soluções trazem resultados mais satisfatórios e mais significativos, se levarmos em conta que a desigualdade social da nossa cidade não é tão absurdamente desleal como a do Brasil. Basta que os três componentes (educação, saúde e segurança) sejam vistos como uma tríplice aliança para um desenvolvimento sustentável e progressivo para os munícipes. E não devemos nos esquecer daquele velho dito popular: “uma mão lava a outra”.

Luiz Guilherme Amaral é estudante de Comunicação Social na ESAMC – Sorocaba.