Friday, September 02, 2005

O fim do mundo em Mairinque

Quem viu a previsão das duas galáxias que ao se chocarem destruiriam o planeta Terra? Noticiaram que isso será daqui a 5 bilhões de anos. E se fosse semana que vem? O que aconteceria em Mairinque? Algumas coisas me vieram à cabeça: 1) Dennys Veneri declararia que não deseja mais ser prefeito porque, sabiamente, não pode competir com uma galáxia inteira de estrelas, apenas com as estrelas do PT de Mairinque (trocadilho bobo); 2) as igrejas sofreriam o maior overbook da história. Jamais se viu tantas pessoas juntas num lugar só. As pessoas morreriam pisoteadas, chicoteadas, esmagadas em escombros de prédios que não suportariam tanta gente junta; 3) as mulheres que vivem fazendo regime entrariam num colapso de raiva e invadiriam os laboratórios de manipulação, surrando a pauladas todos os profissionais de manipulação, e botariam fogo em tudo ; 4) os policiais, sabendo que o mundo estaria prestes a acabar, deixariam de lado seu oficio e ficariam em casa, apenas vendo “o circo pegar fogo”, pois eles saberiam que uma força maior se incumbiria de fazer o trabalho deles, 5) o pastor Claudionor escreveria 20 artigos para tentar me explicar que tudo isso é uma obra divina e eu, bom ateu que sou, escreveria mais 20 para explicar que isso é ciência. Nós dois ficaríamos discutindo até a Deniti nos expulsar do Jornal de Mayrink, já que ninguém mais o leria, e nós dois permaneceríamos, enfim, com todas as nossas teorias, porém totalmente desamparados por todos os meios de comunicação da região. 6) Binho Merguizo, num ato extremo de altruísmo, esvaziaria todas as piscinas do CASM e as encheria com próteses dentárias, e com o auxílio do Faraó fariam um Mega-Bingo para sortear todas as próteses. Ainda, alistaria todos os outros dentistas de Mairinque para fazer uma Super-Mega-Operação de implante de próteses dentárias em toda a população. 7) Os mesmos cientistas que disseram que o mundo acabaria semana que vem declarariam em rede mundial que erraram nos cálculos e que o mundo acabaria realmente daqui a 5 bilhões de anos, fazendo com que todos os mairinquenses sentissem vergonha dos atos que cometeram naquele desespero sem volta e uma nova esperança surgiria nos corações de todos. Todos se abraçariam, João Bid comporia uma nova música e todos iriam comemorar na Ponsoni. Viva Mairinque!

Luiz Guilherme Amaral é estudante de Comunicação Social da ESAMC – Sorocaba

*Os nomes reais de ilustres mairinquenses foram citados apenas para deixar a crônica mais divertida. Obrigado pela autorização dos mesmos.

Você trabalha na área?

Esses dias me perguntaram se eu “trabalhava na área”. Aí respondi: “depende, que tipo de área você quer dizer?” Pensei em dizer que apenas jogadores de futebol trabalham na área, mas achei que seria extremamente impertinente, além de ser uma piada digna de “Praça é Nossa”.
“Trabalhar na área” tem sido uma grande conquista para estudantes universitários, pois na atual conjuntura econômica (e esse jargão é extremamente de quem “atua na área dos números”) está cada vez mais complicado botar em prática as coisas que se aprende em sala de aula. Fico pensando se é bom ou ruim um estudante de primeiro ano de direito estagiar em um escritório e já começar a “pegar os vícios”, o que pode complicar seu rendimento no exame da OAB, cujo índice de reprovação tem sido um dos mais catastróficos da história. Por outro lado, outras atividades, como a de publicitário, jornalista, engenheiro, etc. podem ser extremamente enriquecedoras para concluir os estudos com maior eficácia e tornar os trabalhos mais completos.
Achei engraçado também o presidente do Banco Central Americano dizer que o Brasil é um “grande exemplo de economia que se desponta no cenário mundial”. Pensei comigo: “é, meu amigo, venha ser universitário no Brasil para você ver o que é uma economia que se desponta”. Não reclamo do que faço, nem do quanto ganho e muito menos da faculdade que estudo, porém gostaria que as coisas fossem um pouco mais baratas, só isso. Aluguel de apartamento para estudantes muitas vezes sai mais caro do que um aluguel para uma família, além das exigências do proprietário ser cinco vezes maior do que o habitual. Estudante é louco pra fazer bagunça e quebrar a casa né? (falei num tom sarcástico, caso alguém não tenha notado).
Não acredito que as coisas possam ficar mais fáceis para nós, estudantes mortais, mas gostaria que até o final da faculdade (pelo menos da minha, daqui a 2 anos) as coisas estejam bem melhor organizadas e que a “área” possa trazer melhores frutos para todos nós. A única coisa que eu não desejo é que os profissionais formados peguem a mania de dizer frases tão vazias e com palavras tão mal empregadas e desmoralizem tudo que aprenderam na faculdade. Pérolas como “precisamos assegurar que o equilíbrio possa corroborar com as diretrizes impostas pelo deadline” ou então “necessitamos agregar para que atinjamos as metas dos stakeholders” devem ser abolidas. Aliás, o estrangeirismo é algo peculiar, intrínseco e (por que não dizer) insuportável no cotidiano brasileiro. Por que não fazemos um convescote e depois assistimos a um ludopédio?

Luiz Guilherme Amaral é estudante de Comunicação Social na ESAMC – Sorocaba

O “brasinglês” de hoje em dia

Como redator publicitário, às vezes me deparo com certas palavras e expressões que vêm sendo utilizadas na conversação cotidiana, principalmente entre nós, jovens (sim, ainda sou jovem!). Ultimamente tenho me deparado com milhares de termos que substituem palavras típicas do português, mas que ganham uma força e identificação tão grandes que seria impossível reconhecer seu verdadeiro significado. Como exemplo disso, vamos analisar uma festa rave, bastante conhecida por tribos de música eletrônica. Imagine o seguinte enunciado:

Rave imperdível com line-up de primeira, DJs fazendo live acts e DJ sets imperdíveis, chill out, foods and drinks free até as 23:59.

Conseguiu entender? Agora vamos ler este mesmo enunciado sem palavras importadas:

Festa-entusiasmo imperdível, com linha de primeira, tocadres de disco fazendo atuações e seleções de tocadores de disco imperdíveis, área de descanso, comida e bebida grátis até as 23:59.

Interessante não? Há dois aspectos sensíveis na utilização de palavras estrangeiras na construção de frases em português: 1) a necessidade de passar uma idéia impossível de ser construída na mente do interlocutor com palavras nativas e 2) a necessidade de “elitizar” uma idéia (elitizar ou segmentar para um grupo específico.).

As histórias envolvendo palavras estrangeiras que foram aportuguesadas são inacabáveis. Tanto em palavras em inglês, como em francês, italiano ou japonês, sempre há uma adaptação do que se ouve ao que se quer dizer. Por exemplo: a palavra forró descende da expressão for all (para todos), o que designava uma dança que podia ser praticada por todos os freqüentadores de um local no nordeste. Em francês, temos, por exemplo, abajour (lâmpada) que se tornou abajur em português.

Não há recriminação quanto ao uso desta técnica tão antiga e tão insistentemente freqüente para criar idéias e transmitir mensagens para as pessoas, mesmo porque a informática não nos permite mais desvencilharmos de palavras estrangeiras. Mas eu ainda insisto na idéia de fazer um convescote e depois assistir a um ludopédio.

Luiz Guilherme Amaral é estudante de Comunicação Social da ESAMC Sorocaba