Monday, June 27, 2005

Onde há consumação não há boa intenção

O frenesi das casas noturnas como bares, danceterias, etc, certamente é algo extremamente instigante. Ao adentrar o local e ver pessoas agradáveis, música boa e cerveja, algumas vezes nem nos damos conta do que está por vir, dependendo do estabelecimento. Uma prática que tem se tornado constante é a “consumação mínima”, onde o cliente deve consumir uma quantidade pré-estabelecida pela casa para desfrutar das opções oferecidas. Esta prática, porém, é ilícita segundo a inteligência do Código de Defesa do Consumidor. O artigo 39, inciso I nos diz que “É vedado ao fornecedor de produtos e serviços, dentre outras práticas abusivas: I – condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos”. Isto quer dizer, trocando em miúdos, que não se pode cobrar do cliente que ele consuma qualquer coisa sem que ele queira. Diferentemente de cobrar a entrada, o que é totalmente possível.

Supermercados, padarias e outros estabelecimentos não vendem por atacado, portanto o consumidor tem direito de levar apenas uma unidade de qualquer produto, seja iogurte, maço de cigarros, inclusive o direito de desembalar produtos que vem em conjunto para comprar apenas o desejado. O estabelecimento tem a obrigação de disponibilizar produtos em unidades aos consumidores.

Ao adentrar um estabelecimento sem a intenção de consumir, fique sempre atento a essa questão, pois tal prática abusiva é passível de multa por parte do estabelecimento e ressarcimento ao consumidor. Se possível, tenha sempre em mãos (ou no porta luvas do carro) o Código de Defesa do Consumidor, afinal, os direitos devem ser exigidos sempre com embasamento, e não no velho esquema do “disse-que-disse”.

Luiz Guilherme é estudante de Comunicação Social da ESAMC – Sorocaba

Sunday, June 19, 2005

Invisibilidade Social

A “invisibilidade social” ou “invisibilidade pública” é uma característica típica da geração dos cidadãos que habita o mundo hoje. Tem-se por definição enxergar apenas a função social de uma pessoa. Por exemplo, um homem pode sempre ser bem tratado por ter sucesso na vida, dinheiro e boa aparência, ao passo que pessoas com capacidades semelhantes e que não tem uma vida social ativa ou não apresentam subsídios para serem “respeitados” são simplesmente uma sombra aos que passam.

Isso não diz respeito apenas à condição financeira e social, mas também à condição física do ser humano. A aparência física torna-se condição si ne qua nom para se obter sucesso, pessoal e profissionalmente. Existem vários estudos a respeito disso, e a invisibilidade social apenas afirma que tal situação ainda perdura. Preza-se a barriga bem definida, o rosto simétrico, entre outros fatores que são armas calcadas nos estereótipos de beleza de hoje. A exemplo disso, há quadros de depressão onde a pessoa se sente excluída ou inferior por não conseguir uma companhia para compartilhar o cotidiano.

Além deste fator, que nos parece um tanto relevante, mas que pode ser decisivo dependendo da personalidade da pessoa, há a questão do status em termos laborais. Um varredor de rua é praticamente despercebido por todos que transitam por perto dele, e ao mesmo tempo em que isso pode ser perfeitamente explicado sob o ponto de vista da violência, uma vez que tais níveis estão cada vez mais ameaçadores, ainda assim nos parece muito esdrúxula a idéia de manter uma relação de amizade ou afeto apenas pela ocupação social de uma pessoa. Profissionais de casas noturnas, como DJs, são especialmente simples de analisar haja vista a “aura” que ostentam e as oportunidades que apresentam.

A invisibilidade social, ainda que pareça um pouco abstrata pelos motivos que a compõe, pode fazer com que pessoas com grandes capacidades sejam suscetíveis a um fracasso criado por uma fraqueza e baixa auto-estima alimentadas por pré-julgamentos que não fazem o menor sentido. Enquanto certos conceitos estiverem latentes e guiando a opinião pública da forma que ocorre hoje em dia, não há como banir esta deficiência do relacionamento interpessoal, que engrossa ainda mais o preconceito, a indiferença e gera comportamentos que resultam principalmente na auto-exclusão e na fobia social de uma forma ampla e invariavelmente dolorosa.

Luiz Guilherme Amaral é estudante de Comunicação Social da ESAMC Sorocaba.

Sunday, June 12, 2005

O que é a nova loja Daslu?

Um mundo à parte foi construído em São Paulo essa semana. Uma loja onde um sutiã chega a custar R$ 1.700,00 e onde se pode adquirir um Masserati por R$ 760,000,00. Estou me referindo à nova loja Daslu, o estandarte do consumismo para a elite da elite da elite do Brasil. Lá trabalham várias modelos e até a filha do Governador do Estado. Existem seções para homens e mulheres, onde tudo que é de mais caro e supérfluo é vendido. O edifício é imponente e chama atenção de qualquer pessoa. Tem até acesso facilitado para deficientes. Tudo isso poderia ser lindo e maravilhoso se não fosse no Brasil, onde as classes sociais estão cada vez mais distantes, onde a economia claudica e não se vê dinheiro na mão dos que necessitam. A loja atende um nicho de mercado que jamais precisou estar no Brasil para comprar as coisas que lá são vendidas. Tudo pode ser achado em Nova Iorque, Paris, e o que não falta para eles é disposição para ir até lá e gastar.

A nova loja Daslu pode engrossar todos os problemas sociológicos do Brasil de hoje. O dinheiro que circula lá dentro, a ostentação e o luxo exacerbado podem fazer com que a inveja e a raiva sejam elevados a níveis incalculáveis. É óbvio que o rico não tem culpa de ser rico, mas um pouco de “disconfiômetro” pode evitar com que aconteçam sérios problemas aos consumidores, funcionários e os proprietários da loja, uma vez que uma pessoa que tem condições precárias de vida, ao ver uma senhora nordestina de cara bondosa servindo café para a elite da elite da elite, tem que se segurar muito para não extravasar toda a sua raiva diante de tal cena. Raiva da senhora nordestina, raiva do cliente que está sendo servido, raiva da ostentação da loja, raiva do Brasil. Toda essa raiva aliada a um profundo descontentamento de ser quem ela é e de saber que a chance de consumir naquela loja é praticamente inexistente. E se não extravasa a raiva, passa a mendigar pelos arredores do edifício. E assim a nova loja Daslu vira um verdadeiro quartel de seguranças particulares, onde os clientes jamais terão a sensação de liberdade, comodidade e segurança para comprar.

A nova loja Daslu, trocando em miúdos, é a mais pura e completa representação de uma classe social que não sabe mais onde gastar sua fortuna e que precisa de uma auto afirmação que extrapola os níveis seguros de sociabilidade. Seria melhor se os donos permanecessem quase omissos, como fizeram até hoje, pois assim não gerariam tanto azedume aos nossos olhos como estão fazendo agora.

Luiz Guilherme é estudante de Comunicação Social da ESAMC – Sorocaba.

Saturday, June 04, 2005

Caso Watergate Esclarecido

Um mistério curioso e importante da história presidencial dos Estados Unidos, o caso Watergate, foi desvendado essa semana. O intocável ‘Garganta Profunda’ (nenhuma relação ao famoso filme erótico) revelou sua identidade, após 41 anos de silêncio. O Watergate foi o escândalo na Casa Branca durante o período de eleição de Richard Nixon, onde um processo de espionagem com escutas e fotografias de documentos da sede do partido democrata ( partido de oposição a Nixon ) foi derrubado. Nixon renunciou ao cargo depois do escândalo e seu vice, Gerald Ford, assumiu. Em tal espionagem estavam membros da CIA e tudo foi arruinado por dois repórteres do jornal americano Washington Post, Bob Woodward e Carl Bernstein. O que não se sabia, porém, era por meio de quem Woodward havia obtido a informação mais importante para desmantelar a espionagem, e este homem ficou conhecido apenas como o ‘Garganta Profunda’.

Esta semana um senhor de 91 anos de idade revelou ser o pivô de toda a história. Trata-se de Mark Felt, ex-diretor-assistente do FBI àquela época. Felt conta que fazia parte da lista de nomes dos acusados de vazar informações contra o partido democrata dadas pelos republicanos. Com a morte do chefe da polícia federal americana, Edgar Hoover, Felt teve a chance de substituí-lo, porém Nixon optou por alguém mais próximo, mas isso não fez com que Felt revelasse seu feito, pois ajudou a amenizar o clima entre o FBI e a Casa Branca.

Para entender melhor toda essa história, uma produção de 1976 chamada ‘Todos os Homens do Presidente’ (direção de Alan Pakula) ilustra de forma clara e elegante todas as fases do caso Watergate. Aliás, o caso foi batizado com este nome, pois os espiões foram presos no edifício Watergate. Resta-nos saber se algum dia surgirá no Brasil algum ‘Caso Copacabana Palace’ ou ainda um ‘Caso Copan’, ainda que a CPI dos Correios esteja acontecendo em proporções igualmente cinematográficas.

Luiz Guilherme Amaral é estudante de Comunicação Social na ESAMC – Sorocaba